quinta-feira, 19 de maio de 2011

Biografia - Midnite






  • Divulgação
    Vinda de St. Croix, Midnite é uma das promessas mais arrepiantes do reggae raiz do milênio. As letras profundas e inovadoras do Midnite são sinceras e enraizadas profundamente para apresentar a outra metade da história. Suas gravações são repletas de mensagens, dignas de horas de reflexão. A voz eletrica do vocalista principal Vaughn Benjamin, parece um apanhado de muitas vozes grandes no reggae. O estilo lírico e potente de Vaughn e os teclados marcantes do seu irmão Ron, dão forma ao núcleo deste quinteto musical, que inclui s Dion Hopkins (bateria), Philip Merchant (baixo) e Abijah (guitarra). Midnite cria as letras baseadas na cultura do Reggae Roots da "antiga escola" somadas a experiências modernas do cotidiano, criando assim um encontro original em forma de música. Reggae - despido e cru é uma descrição perfeita para "o estilo musical das raizes clássicas" de Midnite, em que renuncíam as "modas" do estilo. "Unpolished" é um dos títulos mais marcantes que inclui clássicos como "Don’t Move", "Mama África", e "Love Your Life You Live". O álbum "Ras Mek Peace" foi gravado usando somente dois canais e foi masterizado sem nenhum reverb, filtros, compressão ou equalização. Canções como "Hieroglyphics", em que o graffiti é comparado aos hieroglifos do Egito antigo, deixa evidente as letras inteligentes e concretas que são caracteristicas das músicas do Midnite.
    Depois do lançamento do álbum "Ras Mek Peace", o Midnite retornou para viver em St. Croix de modo que pudessem trabalhar com os músicos locais e fazer gravações em seu laboratório sem nenhuma interferência exterior. Os frutos desse trabalho pode ser encontrado em Jubilees of Zion, que foi lançado em seu próprio selo independente da gravadora Roots do Midnite. Os ritmos expansivos, hipnoticos continuam, ao lado das mensagens da paz, irmandade universal, e resistência cultural a Babilonia. O novo lançamento "Seek Knowledge Before Vengeance" tras a tona o bom e velho Reggae Raiz a tona.
    Midnite explode em performances ao vivo com shows que excedem frequentes 3 horas. Seu som vigoroso, rígido, dirigido pelas linhas de baixo cria uma vibração que penetra diretamente ao coração. Midnite é uma das bandas mais emocionantes do cenário Reggae hoje. Quebrando todas as regras, Midnite está ajustando um novo padrão. Armado com uma fundação firme em Jah Rastafari, seus talentos naturais, e uma visão musical forte e descompromissada, o Midnite vem para reerguer as raízes fortes e sinceras do Reggae para os tempos modernos e conturbados de hoje...

    Biografia - Peter Broggs

    Henry James A. K. A Peter Broggs nasceu em 1954 na comunidade rural de Richmond - Lucea em Hanover - Jamaica. Peter e mais 10 irmãos sobreviviam da mesma maneira que a maior parte da população da pequena ilha da Jamaica , sofrimento sobretudo pela pobreza , citando uma frase do próprio Peter Broggs "... Quando muitas vezes nem sequer comida tínhamos, o melhor que poderíamos fazer era cantar, tentando manter uma atitude positiva perante a Vida..." Foi em finais dos anos 60 , princípio dos anos 70 que Peter tal como a maior parte dos jovens que viviam nas comunidades rurais, partiu para a Capital da Jamaica - Kingston - com o objectivo de melhorar as condições de vida e sobretudo ganhar algum dinheiro que lhe permitisse ajudar os seus Pais. É em Kingston com as influências da Religião Rastafari e consequentemente da Música Reggae que Peter com algum do dinheiro que tinha vindo a poupar já á algum tempo, aluga algumas horas num estúdio e em parceria com uma das respeitadas bandas de todos os tempos - Roots Radics - grava o primeiro single, "Vankout", em 1975. Entretanto ele próprio vendia o single "... Vendeu bastante bem..." conta Broggs , nos meses seguintes Peter trabalhava e ia escrevendo algumas letras para futuras canções , até que Bim Sherman lhe deu a oportunidade de trabalhar com ele todos os dias no estúdio, oportunidade essa segundo Peter Broggs lhe deu bastante experiência. Peter tinha entretanto ainda 500 cópias do single "Vankout" que rápidamente as vendeu angariando assim algum dinheiro , permitindo-lhe novamente alugar um estúdio e gravar desta vez "African Sister". A Randy’s Records tinha distribuído o single "Vankout", e mesmo depois de mudarem de nome (Vampire) continuaram a ajudar Peter na distribuíção deste segundo single. Segue-se a colaboração com Prince Far-I, que entre outras gravaram "I a Field Marshall", mas devido á morte de Prince Far-I nunca chegaram a ser editadas (tempos difíceis na vida de Peter Broggs). A rampa de lançamento terá sido em 1977 quando Clement "Coxsonne" Dodd (Studio One) lhe deu a oportunidade de gravar "Sing a New Song", foi aí que Coxsonne lhe disse que com o nome Henry James ele não iria a lado nenhum, aí Peter diz-lhe que algumas pessoas lhe chamavam Broggs e outras Peter, daí o surgimento do nome artístico Peter Broggs. Por mérito próprio e pela fama de ter gravado no famoso Studio One, Peter assina um contrato com Bingy Bunny (integrava a banda Roots Radics e os Morwells), desta ligação surge o primeiro LP de Broggs o álbum "Progressive Youth", lançado em Inglaterra pela editora Ital entre 1979 / 80. Alguns meses passaram até que Peter Broggs recebe uma notícia de que alguém que tinha chegado de carro alugado, andava á sua procura. Essa pessoa apresentou-se como Doctor Dread e disse-lhe que adorava as suas músicas, chegando mesmo a cantarolar um pouco a canção "Forward Natty Dread, Forward" do álbum "Progressive Youth", ,explicou-lhe também que fazia um programa de Reggae numa estação de Rádio nos Estados Unidos e que estava ali porque tinha escrito uma canção que queria que Broggs interpretasse. Ele aceitou o desafio e 5 , 6 meses depois, Broggs contactou Doctor Dread dizendo-lhe que estava preparado para gravar, Doctor Dread disse-lhe para ele reservar o estúdio Channel One e " arranjar " alguns músicos. O resultado foi em 1982 a edição do primeiro álbum do catálogo de uma nova editora Reggae nos Estados unidos a RAS records (propriedade de Doctor Dread) e uma excelente oportunidade para Peter Broggs mostrar o talento a toda a América. O álbum vendeu lindamente e consequentemente surgiram em 1985 "Rise and Sine", "Cease The War" em 1987 e "Reasoning" em 1990, todos pela editora RAS. Em 1993 altura em que o Dancehall Ragga está no auge na Jamaica é lançado o álbum "Reggae in Blues", Peter consegue recuperar a verdadeira essência do Roots Reggae ,destaco em especial as canções "Sunshine Girl" , "Slave Child" , a Grande "No Pollution" e "Try Again" mesmo ao estilo de Burning Spear, em 1999 houve uma grande reedição em CD também através da RAS, primeiro álbum de Peter Broggs - "Progressive Youth".

    Rastafari Cultura Rastafari - Simbologia

     

    O rastafarianismo está nas enciclopédias da pós-modernidade. A Webster brasileira define o movimento nos seguintes termos:



  • Movimento político e religioso em expansão, originário do culto jamaicano que reverencia o imperador etíope Haile Selassie I como personalidade divina. O movimento foi influenciado por ativistas negros da década de 1930, principalmente Marcus Garvey (...) O rastafarianismo combina elementos das religiões africanas, (...) narrativas bíblicas e cultura afro-caribenha. Seus adeptos acreditam que os negros são as tribos perdidas de Israel, que serão redimidas com o retorno à África. O movimento não tem igreja nem clero, e a prática ritual é espontânea. Os rastafarianistas, ou rastafaris, expressam seu sentimento de fraternidade através de determinados símbolos: o estilo do (que não é cortado e forma longas tranças), a utilização das cores nacionais etíopes (vermelho, preto, verde e amarelo ouro), hábitos alimentares (evitam a carne de porco) e o ocasional uso da cannabis (maconha) como forma de ajuda à meditação. A música popular jamaicana, especialmente o reggae, com destaque para o cantor e compositor Bob Marley (1945-1981), constitui um meio popular de disseminação das idéias rastafarianas. (WEBTER/LARROUSSE, V.II - p 819. São Paulo: Folha da Manhã, 1997).
    O papel de Haile Selassie no universo rastafari está ligado aos aspectos religiosos e socio-político-ideológicos que orientam a postura ou comportamento "rasta". A aura messianica do "Leão de Judah" constitui uma força de comunhão com ideais de paz, solidariedad entre os povos e amor universal além da valorização de todos os signos relacionados à afro-cultura, no continente africano e no mundo. A trajetória do rei etíope, suas idéias, sua imagem, sua biografia, alcançaram grande repercussão internacional graças à intensa divulgação nos mídia (meios de comunicação). Foi através das manchetes de jornais do mundo inteiro que Selassie chegou à Jamaica, onde Marcus Garvey reconheceu nele o Messias, o Salvador do povo negro profetizado pelo próprio Garvey aos antes.
    Desde o princípio, a orientação ideológica foi acompanhada de expressões estético-artísticas correspondentes; na música, em ritmos como o ska, rocksteady e o reggae; nas cores das vestimentas, com a predominância do verde, amarelo e vermelho em contraste com o negro, em túnicas e calças de tecidos leves e corte amplo; nos cabelos longos, nunca cortados e trançados ou segmentados naturalmente em grossos cachos, um visual hoje denominado dreadlook. A cultura rastafari inclui, ainda, o resgate de tradições místicas relacionadas à dança, uso e fabricação de tambores e outras peças de artesanato, práticas curativas e crença no poder das palavras, herança da cabala de Salomão, que atribui um poder transformador da realidade aos sons da fala, conhecimento ocultista (esotérico) que se resume na legenda: Palavra, Som e Poder.

    Simbologia

    A significação dos elementos estétio-artísticos da cultura rastafari está relacionada com suas origens doutrinárias onde se misturam símbolos antigos e contemporâneos. Quando se fala em "rastafari" certas imagens mentais são evocadas imediatamente, como "reggae music". Dreadlook ou a alegria, a vivacidade das cores predominantes em roupas e objetos. Cada um destes elementos tem sua razão de ser, sua explicação.

    Cores

    O verde, o vermelho e o amarelo são as cores da bandeira nacional da Etiópia, onde aparecem com o mesmo significado vigente entre os rastas e representam:
    VERDE: terra e esperança
    AMARELO: a Igreja e a paz
    VERMELHO: poder e fé
    São, portanto, cores representativas de valores tanto materiais (físicos) quanto metafísicos (ou espirituais). O físico, no verde, se relaciona à Terra-Mãe, natureza, fauna, flora tão exuberantes, na África, assim como no Brasil, fonte de vida e prosperidade, terra provedora de abrigo e alimento. O aspecto metafísico do verde é a esperança porque esta cor está ligada, nas tradições esotéricas mais antigas, aos fenômenos de renovação. No Taro, oráculo de cartas de origem hindu-egípcia, a carta XX, tem o verde como cor destacada. O arcano (a carta) chamado O Julgamento, mostra três figuras que se erguem de um túmulo diante de um anjo apocalíptico, uma cena de ressurreição.
    Nos tons do amarelo e do vermelho se concentram outros significados subjetivos. A Paz, condição necessária a uma existência saudável; a Igreja, como força social de união entre os povos; o poder, como capacidade de realização de metas, de transformar sonhos em realidades e, finalmente, a Fé, sem a qual estas capacidades não podem ser alcançadas. É pela fé que se mantém a persistência rumo a um objetivo não obstante os numerosos obstáculos que se interponham entre uma pessoa e suas aspirações mais elevadas.

    Dreadlock

    Como já foi mencionado acima, o dreadlook se refere ao estilo ou visual dos cabelos. Muitas "tribos urbanas" adotam estilos característicos de cabelo (ou não-cabelo!) como signos de identidade. Basta mencionas os rockers e hipies clássicos, que usam cabelos longos; os punks radicais, chamados skinheads (carecas) ou os punks moderados e os góticos, com cabelos arrepiados e tingidos. Os rstafaris não cortam os cabelos nem se preocupam em "domar" suas cabeleiras à custa de pentes e escovas furiosas, chapinhas (pequenas plataformas de ferro aquecido para alisar cabelos)ou produtos químicos. Os cabelos rasta crescem livremente e são cuidados com procedimentos normais que atendem simplesmente à higiene e a arrumação para fins práticos, com o prender ou usar uma touca em circunstâncias de trabalho. Há quem duvide mas os rastafaris lavam seus cabelos; apenas não usam gel, nem mousse ou laquê...
    As tranças ou mechas são cultivadas desta forma por razões filosofico-religiosas e identitárias. Os rastafaris argumentam que o crescimento contínuo dos cabelos é condição natural da bioquímica do organismo humano, idéia que se combina com a evidência de queesta bioquímica é uma determinação de Deus, e a vontade de Deus é soberana. (A pelagem dos cavalos, das zebras ou das axilias e região pubiana, por exemplo, não crescem ad infinitum!). Por outro lado, o dreadlook remete à imagem da juba de um leão, animal que, enquanto símbolo, expressa várias idéias: rei (dos animais), força, coragem, dignidade. Historicamente, cada soberano da Dinastia do Rei Salomão, do Trono de Davi, recebe, com o cetro e a coroa, o título de "Leão de Judah", figura enigmática identificada como "aquele que resgata o Reino de Deus". Esotericamente, o leão refere-se ao retorno de Cristo (o Messias, o Salvador), que veio ao mundo há mais de dois mil anos atrás como "cordeiro de Deus". Dizem os profetas que a Segunda vinda do Messias ocorre nos seguintes termos: "o cordeiro voltará como leão". Para os rastafaris, este retorno já ocorreu e o Leão de Judá foi Haile Selassie, como foi explicado nos tópicos anteriores.

    Música

    A música rastafari, ao contrário da clássica concepção estética kantiana (de Emmanuel Kant), não se enquadra em questões de 'juizo de gosto" nem é uma atividade gratuita, objeto daquela contemplação conceitualmente vazia de "arte pela arte". A rastamusic é o que os teóricos Modernos e Contemporâneos consideram, com o horror de uma normalista, uma arte "utilitária", pelo simples fato deser música feita com claros objetivos político-ideológicos e metafísicos, que transcendem à comunicação artística de mero entretenimento.
    Para além da difusão de ideais socio-políticos, as composições, em sua harmonia, ritmo e timbres dos instrumentos, buscam sintonia com o pulsar de um coração tranquilo e, por isso, estas composições são chamadas de "música do coração" ou heart beat. O uso da percussão com objetivos místicos e psicológicos tem raízes milenares não somente na África mas também na Ásia, em culturas antigas de países como Índia, China e Japão, sem falar dos povos pré-colombianos e dos povos indígenas brasileiros. Os sons dos tambores e de outros objetos percussivos, diferentes entre si e combinados na "batida" do reggae, é um meio de conexão com a divindade, de acordo com o conhecimento ocultista, que considera o som como a primeira manifestação de Deus em sua criação de todas as coisas. Está escrito no Gênesis: "No princípio, era o Verbo"; e o Verbo é palavra; e palavra, expressão objetiva do pensamento, concretismo sutil do mais abstrato, é som. A física atual já pode confirmar este ensinamento bíblico, uma vez que foi detectada uma vibração sonora presente em todo o cosmos conhecido até agora. A análise científica revelou que tal vibração, chamada "ruído de fundo" ou "reverberação residual", trata-se de um campo energético cuja idade se confunde com a origem do Universo, ou seja, tem a idade do Big Bang.
    Outro aspecto da importância da música na cultura rasta é de natureza psicológica, aspecto este igualmente aceito pela ciência. Experiências laboratoriais já provaram exaustivamente que a música interfere no estado de espírito, ou humor, não apenas dos homens, mas também dos animais e até das plantas. Há músicas excitantes, outras depressivas e outras ainda, como o reggae (bem como a newage music e os cantos gregorianos, o canto-chão) que são tranquilizantes, capazes proporcionar um estado mental de serenidade, apaziguando emoções violentas e, por conseguinte, melhorando o desempenho da inteligência como um todo. Este poder tranquilizador da rastamusic é reforçado pelas letras das canções, que contêm mensagens de paz, amor e dignidade. É um tipo de sonoridade capaz de despertar a divindade que, em sua onipresença, reside dentro de cada um, por vezes oculta, mas sempre ali, esperando apenas um pequeno chamado para se manifestar. Cantando os versos de um reggae, proferindo repetidas vezes afirmações positivas, acredita-se que é possível, efetivamente, transformar a realidade. Esta é uma concepção que, mais uma vez, encontra respaldo nas tradições esotéricas que professam o ensinamento: "Falar é Criar".

  • sábado, 1 de janeiro de 2011

    Via de mão dupla

    Admitindo Gilberto Gil como o pioneiro do reggae no Brasil, Husbands afirma que para ele, 80% do reconhecimento inicial do ritmo em Salvador se deve à afinidade primordial do atual ministro da cultura com o estilo de música da Jamaica, e sua irreverência ao colocá-lo em prática numa sociedade altamente tradicional e aversa ao que não se encaixava nos seus padrões em plena ditadura militar. Segundo Husbands, Gilberto Gil foi corajoso ao trazer para o Brasil da época, as influências de Bob Marley, que era um homem que lutava contra formas de opressão e preconceito no seu país e no mundo. Sergio além de dar a Gil todo o seu mérito, aponta o momento pelo qual passava o mundo: Revolução Feminina afrontado a sociedade patriarcal, Martin Luther King e suas idéias, dentre outros eventos e personalidades que chacoalhavam as estruturas sociais da época. Para explicar a raiz “reggaeira”, invoca a relação entre identidade e identificação: não importa mais onde nasce o cidadão, mas sim o que ele encontra no mundo a sua volta. Isso sim forma a personalidade. Um reflexo positivo da controversa globalização. As sementes haviam sido plantadas e sua germinação impossível de ser interrompida. Sendo assim os soteropolitanos têm uma relação de mais de 30 anos com o reggae e suas idéias.
    Assim como na Jamaica, Salvador exibe uma semelhança quanto à parcela da população que aprecia o reggae. As camadas menos favorecidas nele encontram uma forma de protestar, conscientizar e expor sua condição de vida. Nos festivais Tributo a Bob Marley e República do Reggae realizados no Wet´n Wild, na Paralela, é comum superar a expectativa de mais de 25 mil pessoas por edição. Todas ávidas pelas performances de artistas locais, nacionais e internacionais. Fato que chama a atenção de Sergio “... os jamaicanos que vêm pra cá me dizem que não têm esse público em shows na Inglaterra...“. A maioria dos admiradores vem do subúrbio, quebra a barreira do idioma (inglês), faz coro nas canções, executa coreografias e leva consigo gigantescas bandeiras para ovacionar seus ídolos e demonstrar suas opiniões. Ambos acreditam que tudo é devido ao empenho do falecido rei do reggae Bob Marley, em passar mensagens de luta, justiça e liberdade durante sua carreira, sendo essa postura replicada por muitos dos seus admiradores, quer fãs ou músicos. E já é cada vez mais freqüente a presença destes ídolos na maior festa popular do planeta: o carnaval. Trios fazem os percursos com cantores e bandas inteiras se revezando perante as câmeras, para milhões de pessoas. Mas Sergio enfatiza: “... sou apaixonado pelo carnaval, pela tragicomédia do Pierrô, Arlequim e da Colombina, mas devemos botar os pés no chão (...), nenhum estilo musical do mundo que não tenha vindo da Inglaterra e/ou dos EUA se tornou uma música ouvida no mundo todo a não ser o reggae...”. Esse fato mostra sua importância para a cultura mundial.


    Sobre o reggae feito aqui e na Jamaica, Husbands é categórico: “... o reggae é uma coisa só. Não importa se é feito na Califórnia, Brasil ou Jamaica (...) mas o reggae de Salvador é autêntico. Diferente do que é feito no resto do Brasil e no mundo...”; afirma. Ele já teve a chance de participar das cenas de Brasília, Rio de Janeiro, São Luis do Maranhão e Salvador onde vive e tem duas filhas “... uma delas faz backing vocals na minha banda, a Irie Positive Band“, completa com orgulho.
    Apesar de todo esse reconhecimento e do advento da internet, que proporciona a divulgação de artistas independentes de qualquer parte do mundo através de sites especializados, e das ferramentas de comunicação online, a cidade ainda encontra dificuldades para exportar seus representantes, apesar de fazê-lo muito bem. Se encontra mais na posição de reduto do que uma vitrine iluminada para o caminho inverso. Bandas de outras partes do Brasil a exemplo de Cidade Negra (RJ) e Tribo de Jah (MA), têm seus trabalhos em mais evidência fora das nossas fronteiras. A exceção cabe a banda Adão Negro que pisou em solo jamaicano, lançou um álbum produzido pelo também jamaicano Clive Hunt, e está preparando um DVD que será gravado ao vivo em 2008. Há mais de dez anos na estrada, a Adão Negro desponta dentre outros grupos do gênero, por transitar entre “peões e playboys”, e já foi visto com desconfiança por estes dois lados da sociedade. A personalidade forte do grupo e suas idéias bem fundamentadas superaram essas barreiras que insistem em atrasar o interatividade social.


    Segundo Husbands o futuro está cheio de oportunidades para a nação reggae aqui estabelecida. “... Jimi Cliff me deu a oportunidade (ele acompanhou seu colega jamaicano como backing vocal por sete anos) aqui em Salvador e eu agarrei”. Expandiu sua carreira estagnada no Suriname devido a falta de perspectivas, encontrando aqui um mercado cheio de pontes para outros maiores ainda. “... quem vem de fora e vai viver em outra cultura/sociedade, enxerga mais claramente as oportunidades...”, diz. Sérgio observa que Salvador já está começando a exportar sua estética reggae para fora do país. Na vanguarda, prepara um CD todo em inglês que será veiculado na Califórnia. Cassiano atenta para o fato de que o futuro do reggae em Salvador é promissor e depende das atitudes e profissionalismo de produtores, músicos, veículos de comunicação e público.

    sexta-feira, 7 de dezembro de 2007


    Jazz e Reggae se encontram com estilo em Salvador









    A SURPRESA:
    O Reggae invadiu o Jazz em Salvador, mais precisamente no Teatro ACBEU localizado no Corredor da Vitória. Vosso repórter foi surpreendido com a presença de Ricky HusbandsMike Ellis, chamado Mike Ellis & Bahia Band composta por Marcio Tobias (B.A.) - alto saxophone,
    Gileno Santana - trompete, Mou Brasil - Guitarra, Munir Hossn - Guitarra, Marcos Sampaio - Baixo, Bira Reis Percussão, Andersosn Souza - percussão, Martinho da Cuica - percusão, Kinho Santos - percussão, Jorge Amorim - bateria (disco), Jorge Brasil - Bateria. Em duas sessões de aproximadamente uma hora cada, Mike Ellis mostrou toda uma mistura entre África, Europa, América do Norte e Brasil numa apresentação que constava com nada menos que 17 músicos no palco simultaneamente. Pode-se falar que a mistura não era apenas musical, já que a banda era formada por representantes do Brasil, Portugal e EUA, caracterizando todo o espetáculo de uma maneira bastante vivaz e autêntica.

    HUSBANDS:
    A participação de Husbands aconteceu na primeira sessão na música intitulada Bag´s Groove.
    free style, colocando "um algo mais" de reggae na composição de Milt Jackson. O título Bag´s Groove, vem do apelido de Milt que tinha grandes bolsas de gordura abaixo dos olhos e pode traduzido como “Balanço do Bolsa”. Essa seria também a primeira e única vez em que Miles Davis e o famoso contra baixista Thelonius Monk teriam gravado juntos. A interpretação da Mike Ellis & Bahia Band é notável, cheia de negritude esbanjada nos vocais de Husbands, com delays (ecos) característicos do dub e no balanço hora reggae, hora samba-reggae em cima de uma base jazz bastante densa.
    Vale à pena conferir o trabalho realizado com muita pesquisa, que resgata pérolas do jazz com interpretações peculiares e bem adaptadas à nossa cultura.
    (jamaicano, cantor de reggae) em participação especial no lançamento do disco de Ele recheia a performance com


    quarta-feira, 28 de novembro de 2007


    Iniciativa e atitude. "Reggae eletrônico" balança a cidade

    A INTERVENÇÃO:
    Uma tarde diferente foi o que presenciei quando me predispus a fazer uma apuração da última edição do ano do movimento que ganha cada vez mais corpo nas ruas da cidade: o Mutirão Mete-Mão, promovido pelo MiniStéreo Público em parceria com a Zero Sete Um Crew. O primeiro é um grupo peculiar do cenário de música reggae de Salvador enquanto que o outro faz parte do universo do graffiti (estilo de arte de rua, que ganha cada vez mais força na nossa cultura). Composto por um grupo de dj´s e vocalistas, o MP faz do dub (vertente eletrônica da música reggae, daí dj´s e vocais rápidos e ritmados) e suas variações suas principais formas de expressão. Surgido em 2005 o MP é formado por seis integrantes quatro dj´s (chamados selectahs), dois vocais (chamados toasters) além de um técnico de som, peça fundamental para que tudo dê certo: Dudub (Roots Reggae, Dub e Dancehall), Pureza (New Roots e Ragga), RaizDfrenSS (Ragga-JuNgle), Russo e Fael 1. O técnico de som se chama Regivan. Para eles o dia começou cedo, já que a festa estava prevista para ser iniciada às 10h da manhã e só foi terminar pouco após as 20h. Impressionado? Pois é... muito sol na cabeça, muita energia positiva e cultura das mais diversas formas acontecendo ao mesmo tempo: música, dança, graffiti, intervenções circenses (palhaços, malabares -vídeo no final da matéria) e improvisos vocais feitos na hora, além da Esquadrilha da Fumaça que se apresentava na orla e volta e meia, fazia suas perigosas acrobacias para o nosso “camarote” em frente à Igreja de São Lázaro, no local de mesmo nome. Chegando por volta das 15h (impossível comparecer mais cedo devido a um curso de extensão que não aconteceu, mas essa é outra história...), me deparei com a galera mais fiel ao som do grupo e grafiteiros deixando sua marca nas paredes dos bares que permitiam. Obras feitas na hora é só pra quem pode! E o clima melhorava cada vez mais com a chegada das tribos que já são leais seguidoras desse mutirão: rappers, skatistas, os já citados grafiteiros, músicos da cena, artistas de rua, universitários, estrangeiros e muito mais gente. Mas o que chamou a atenção do nosso fotógrafo (que sou eu mesmo...) foram esses caras que transformam paredes vazias em painéis cheios de arte. Através de trabalhos solo ou em conjunto com as crews (nome dado aos grupos de grafiteiros, cada um com nome e identidade própria). Ao contrário do que se pode pensar, a olho nu não enxerguei rivalidade entre eles e sim muita união expressada nos grafites realizados.
    (Dancehall e Ragga),

    Entre eles estavam: RB´K, Limpo T. U., Bigode, Saint, AC, e o próprio Ras Fael 1º. Todos fazendo arte espontânea.

    AS CULTURAS:
    Segundo Dfrenss, Dudub observou que o Sound System tinha futuro nas ruas de Salvador devido ao caráter festeiro do soteropolitano e suas tradições envolvendo festas de largo. Essa comparação deu força para a criação do "sistema de som perambulante" que o MP luta para levar a comunidades como Saramandaia, Bairro da Paz, Garcia, o já citado São Lázaro dentre outras que fizeram parte do itinerário do grupo. O termo luta é devido à falta de apoio quando nos referimos ao trabalho que o MP vem realizando ao levar música e arte de graça para várias . "Ninguém ganha dinheiro com a música..." afirma DfrenSS. Dá pra ver que em geral o Mutirão Mete-Mão é bem aceito nas comunidaddes nas quais chega de assalto.
    A música brasileira é parte mais que integrante das influências deles, e fará parte das suas performances em breve, seja em samba reggae, samba ou o que mais vier à cabeça. Sendo o objetivo deles estarem presentes em festas populares, essa mistura será de grande valia. Gilbero Gil, Bob Marley, Peter Tosh são só alguns nomes que podem entrar nesse caldeirão cultural. "(...) a galera evoluiu nessa pesquisa, cada um pesquisando uma coisa diferente..." observa DfrenSS. Ainda ele, o acesso à informação está cada vez maior e assim como eles têm mais chances de pesquisa e divulgação das suas ações, o público também tem mais canais para saber o que está rolando de bom e inusitado na cidade "... a periferia tem mais acesso à internet (...) basta você querer buscar informação..." atesta o selectah.
    Outro ponto marcante são os já citados improvisos, um dos pontos altos do Mutirão. A galera que comparece tem a oportunidade de curtir representantes do rap e ragga; e não importaria se fossem repentistas, pois a política do grupo é clara: a arte é livre e espontânea e essa prática de deixar o espaço aberto para intervenções, gera emoções e momentos únicos para integrantes do movimento e audiência, algo mais que gratificante para o MP. Onde será que pode chegar tal miscelânea? Que artistas vão surgir dessas manifestações no futuro? Com certeza estamos assistindo o nascimento de uma nova tendência em Salvador. Pioneirismo e atitude são as palavras de ordem. Fayaka!!